terça-feira, 30 de junho de 2015

Isaltino Morais: "As prisões estão cheias de inocentes"

Isaltino Morais esteve numa sessão de autógrafos, no âmbito do lançamento do seu livro A Minha Prisão, em Oeiras, marcada com duras críticas à justiça portuguesa.
O ex-autarca esbanjou cumprimentos aos presentes e descreveu a sua obra como um exercício de reflexão sobre a "corrupção do sistema" e os "poderes absolutos", começando pelos juízes. Ironizando que estes "são infalíveis, quais deuses".
Ao longo da sessão o ex-governante, para além de acusar o sistema prisional de não respeitar "a dignidade dos que, justa ou injustamente, estão presos", também criticou a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, por não zelar "pela paz" nas prisões.
© Fornecido por Sábado
Isaltino Morais acrescentou ainda as constantes greves dos guardas prisionais, que retiram aos reclusos os seus "já reduzidos direitos", destabilizando os estabelecimentos prisionais. "Os guardas gostam de motins e de pancadaria, especialmente com reclusos, para que o poder político sinta que são poucos", acusou.
O autor voltou a criticar o funcionamento da justiça portuguesa e afirmou que o processo de condenação dá-se por "convicção" e que "os jornalistas julgam na praça pública e os magistrados, pressionados, condenam". Mais, "ninguém escrutina os juízes quando violam a lei" e que "o sistema judicial é uma corporação tenebrosa em que ninguém toca", garantiu à plateia.
O ex-presidente da Câmara de Oeiras insistiu que embora a Autoridade de Tributária se tenha "certificado [de] que não tinha dívidas ao fisco" acabou por ser preso, injustamente.
Além disso, em Portugal é possível um juiz de primeira instância tomar uma decisão "desrespeitando uma decisão de um tribunal superior e não lhe acontecer nada" e acrescenta que todos os magistrados envolvidos no seu caso "foram promovidos".
Segundo o autor, a procuradora e titular do processo terá pedido na década de 1990 "para meter uma cunhazinha ao Cavaco porque gostava de ser directora-geral".   
"Quem me meteu na prisão não foram os políticos que não gostavam de mim. Esses limitaram-se a pressionar os magistrados, juntamente com a comunicação social. E os magistrados não se podem deixar pressionar", garantiu Isaltino Morais.
É por este tipo de pressões exteriores que o autor considera que as prisões "estão cheias de inocentes".
O ex-autarca citou ainda o recente artigo da revista SÁBADO, que revela o interrogatório ao ex-primeiro-ministro por Rosário Teixeira, e em que, diz,  "o procurador faz uma figura triste porque não diz de que factos é acusado José Sócrates. Não imaginam a quantidade de Sócrates e Isaltinos que há nas prisões. Em Portugal abusa-se da prisão preventiva" assegurou à plateia. "E se isto lhe acontece a si? Nós pensamos que só acontece aos outros, mas pode acontecer a nós", alertou, antes de dar por finalizada a sessão de autógrafos. 

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