segunda-feira, 9 de maio de 2022

 NAKAHATA WAFA / Por José Cordeiro Chimo.


Na flor da juventude abandonou o Canadá para o interior de um país na parte austral do continente africano, nasceu em 1924 acidentalmente na China, quando os seus pais cumpriam idêntica missão da que se propôs em Angola.
O seu pai Bridgman Winona esteve na China em 1912 pela Igreja Metodista do Canadá onde serviu por 3 anos, e a mãe Margaret foi enfermeira missionária da Igreja Metodista também na China. A sua irmã mais velha Jean, se tornou missionária na Índia e o irmão Donald foi oficial da força área.
Decidiu seguir a carreira de médica aos cinco anos de idade, que juntou ao desejo de viajar e aventurar-se ao serviço dos outros pela tradição familiar.
Trata-se nada mais e nada menos da venerando Dra. Elizabeth Bridgeman, a mais brilhante cirurgiã que há memória, e que trabalhou consecutivamente por mais de 24 anos no renomado Hospital da Missão Evangélica de Chissamba no município de Katabola, província do Bié.
A Dr.ª Betty faleceu no passado 25 de Abril de 2022 no Canadá por doença, aos 98 anos de idade.
Foi confirmada como missionária em Angola pela Igreja Unida do Canadá em 30 de Maio de 1952 e viajou de Londres para Lisboa e em oito meses de treinamento aprendeu as bases da língua portuguesa. Em 20 de Abril de 1953 aportou no Lobito, viajou de comboio até Bela Vista (Katchiungo-Huambo), visitou a Missão Dondi, e seguiu para o seu destino que era Chissamba, onde a sua prioridade foi aprender a falar e escrever em umbundo.
O Hospital da missão evangélica de Chissamba então com 140 camas e 43 centros médicos espalhados pelas aldeias e dela dependentes, está localizado no município de Katabola, cerca de 54 quilómetros a leste da capital da província Bié-Kuito.
No Hospital de Chissamba, a Dra Betty médica-Cirurgiã, o Dr. Strangway-médico Administrador, a Dra. Alice-médica Analista e a enfermeira Edith, constituiam uma equipa multifuncional, ao longo de vinte e dois anos.
Quando o Dr. Walter Strangway se aposentou em 1967, a Dra. Betty assumiu a responsabilidades do hospital.
Para além da sua actvidade diária no hospital a Dra. Nakahata dava aulas aos enfermeiros do seu staff, visitava com regularidade outros hospitais missionários, onde não havia médico, fazendo consultas, cirurgias e tratamentos.
Por outro lado, enquanto Betty estava em Chissamba supervisionou a construção da ala pediátrica no hospital, que ela dedicou em homenagem a seu irmão Donald que sonhava ser médico, mas se tornou piloto, e morreu tragicamente durante a segunda guerra mundial.
Em Agosto de 1975, a maioria dos missionários deixaram Angola, devido ao início conflito armado mas, a Dra. Betty e a sua enfermeira e compatriota Edith, decidiram permanecer no Hospital e continuar a trabalhar. Mas em Outubro de 1976, a dr. Betty e a enfermeira Edithy foram retiradas de Chisssamba e em Janeiro de 1977, regressaram para Montreal, no Canada.
Em Julho de 1978, com a intenção de manter o mais próximo possível de Angola, viajou para o Zaire actual RDC, onde foi directora dos serviços de Obstetrícia e Ginecologia e lecionou enfermagem. Entretanto, em Julho de 1989 terminou a sua missão no Congo e um ano depois se reformou.
A grandeza do Hospital de Chissamba, está também ligada a centenas de angolanos, que nos mais diversos sectores deram vida a esta unidade hospitalar que diga-se até 1975, teve dimensão internacional, porquanto recebia pacientes de outros países, mormente das colónias de Portugal.
Paulo Costa Chindombe foi um desses angolanos cuja a veia técnico-profissional e de liderança, que em 1957 revelou-se no Hospital da Missão Evangélica de Chissamba, Estação de saúde missionária então criada pela Junta da Igreja Congregacional Canadiana fundada pelo Doutor Alfredo Yale Massey, em 1899.
Ao lado de uma elite geracional de profissionais da saúde do planalto central, Paulo Chindombe, destacou-se como gestor de topo nesse Hospital, trabalhando por mérito, como braço direito do memorável Doutor Walter Strangway, alcunhado por ‘’ cilemo’’ notabilíssimo Médico-Cirurgião e Missionário Canadiano em Angola entre 1957 e 1967, da grande analista Alice K. Strangway , da cirurgiã Doutora Elizabeth R. Bradgman alcunhada por ‘’Nakahata’’, da Enfermeira Edith Lader da saúde pública e da parteira Edith Brown.
Paulo Costa Chindombe de 1976 a 1977, com a vacância deixada pela Doutora Beth e Dona Alice, assumiu a Direção e Chefia do hospital Chissamba. Paulo da Costa Chindombe faleceu por doença dia 26 de novembro de 2021.
A lista é extensa onde cabem todos, mas por agora ficam aqui registados os nomes dos que conseguimos por diversas colaborações até a hora da publicação deste texto.
Fica em aberto, à todos que queiram acrescentar nomes de outros enfermeiros ou não, que contribuíram para o engrandecimento do Hospital de Chissamba:
Martins Tenete,
Martins Sanguevo,
Paulo Costa Chindombe,
Abílio Moma,
Vasco Simião,
Menezes Savimbuandu,
Pedro Ngueve Chindombe,
Tucker Kachijimba,
David Bango,
Frederico Cachuco,
Fadília Nacossima,
Dora Catema,
Henriqueta Chindombe,
Noame,
Dora Baca,
Amélia Chivi,
Violeta Chipuia,
Isabel Nassusso,
Isabel Chitula,
Adelaide Dorina,
Maria Chela,
Maria Calusseque,
Inês Wandi,
Maria Helena Eyala,
Mirame Jamba,
Evalina Chingunji,
Leonor Deolindo,
Maria Nalusseque,
Helena Nawawa,
Violeta Lohuma,
Amélia Chivi,
Maria Domingos,
Delfina Napili,
Manalia Napoco,
Armanda Fausto,
Raquel Namboe,
Belifilia Lombinja,
Dora Baca José,
João Katchava Kawewe,
Sequeira Lourenço,
Violeta Lowena,
Rosalina Cambundi,
Eduardo Pedro Chinhungua,
Vasco Simeão,
Domingos Gervis,
Moisés Capusso …
De resto fica a sugestão aos katabolenses a fazerem “Justiça histórica”, perpetuando o nome desta ilustre médica nem que seja uma ruela de Katabola, já que o Kuito ganhou para si o “Dr. Strangula”.
Uma breve retrospectiva sobre ada da fundação de Missões e Instituições no Bié, em 1884 - Missão Evangélica de Camundongo, 1888 - Missão Evangélica de Chissamba, 1904 - Missão Evangélica de Chilesso, 1918 - Missão Evangélica de Silva Porto.