segunda-feira, 31 de agosto de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mário Coelho Pinto de Andrade, teria hoje 87 anos.

Filho de José Cristino Pinto de Andrade e de Ana Rodrigues Coelho.
Em 1930 foi para Luanda, onde fez os estudos primários no Seminário de Luanda e concluiu, em 1948, os estudos secundários no Colégio das Beiras. Partiu para Lisboa, nesse mesmo ano, para estudar Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Juntamente com outros estudantes e intelectuais de países africanos lusófonos, comoAgostinho NetoAmílcar Cabral e Francisco José Tenreiro, criou o Centro de Estudos Africanos, em 1951, com o objectivo de reflectir sobre problemáticas importantes de África.
Em 1954 partiu para o exílio em Paris, onde conheceu outros círculos africanos, relacionando-se com Léopold SenghorNelson Mandela, entre outros. Foi chefe de redacção, entre 1951 e 1958, da conceituada revista Présence Africaine e, em 1956, participou no 1º Congresso de Escritores e Artistas Negros, tendo, três anos mais tarde, tomado parte no 2º Congresso, em Roma.
Na década de 60, tornou-se activista político e exerceu o cargo de Presidente do MPLA, entre 1959 e 1962 e o de Secretário-Geral desse movimento, entre 1962 e 1972.
Dedicou-se, no entanto, ao estudo de sociologia e à actividade de diversas publicações antológicas e de obras literárias. Assim, publicou Antologia da Poesia Negra de Expressão Portuguesa (1958), La Poésie Africaine d'Expression Portugaise (1969), Amilcar Cabral: Essai de Biographie Politique (1980), As origens do Nacionalismo Africano (1997), entre muitos outros.
Por ser considerado um dos mais importantes ensaístas angolanos do século XX e tendo sido o primeiro africano de língua portuguesa a elaborar textos críticos e estético-doutrinários sobre a poesia africana lusófona, o Ministério da Cultura de Angola decidiu criar o Prémio de Ensaio Literário Mário Pinto de Andrade.
Em 1990, Mário de Andrade faleceu em Londres

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Morreu Francisco Castro Rodrigues, que desenhou “o Lobito como cidade moderna”

O legado do arquitecto "é uma cidade moderna bem delineada" em Angola. Traduziu aCarta de Atenas e permaneceu em Angola depois da independência. Morreu aos 94 anos em Lisboa.
Francisco Castro Rodrigues em Angola
Francisco Castro Rodrigues, um dos nomes da arquitectura moderna portuguesa e que “construiu a imagem do Lobito como cidade moderna” em Angola, morreu no sábado à tarde, em Lisboa, aos 94 anos, na sequência de uma intervenção cirúrgica.
O trabalho de Castro Rodrigues, diz a crítica de arquitectura Ana Vaz Milheiro ao PÚBLICO, tem “um impacto muito forte porque se localiza fora de Luanda, levando até ao Lobito a arquitectura moderna”. E o Lobito é um pouco dele, porque “construiu a cidade não apenas nas zonas de crescimento, na consolidação do centro histórico, nos edifícios públicos e privados”. Ajudou a desenhar uma cidade moderna “com os elementos que estamos habituados a associar à arquitectura tropical, como os brise soleil”, que impedem o impacto directo do sol nos edifícios.
Nascido no bairro lisboeta da Graça em 1920, Francisco Castro Rodrigues é também reconhecido por ter traduzido para português com a mulher, a actriz Lurdes Castro Rodrigues, a versão integral da Carta de Atenas, o manifesto saído do IV Congresso Internacional de Arquitectura Moderna e redigido por Le Corbusier que ajuda a definir o conceito do “urbanismo moderno”. Depois de ter estudado arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, colabora com o Gabinete de Urbanização Colonial, o organismo público criado em 1944 pelo ministro das Colónias Marcello Caetano para urbanizar os territórios ultramarinos portugueses. É nessa fase que participa na concepção do plano director e urbanístico do Lobito e de Nampula.
Em Angola trabalhou e viveu durante 34 anos, estreando-se em 1953 como arquitecto municipal ao serviço do Estado Português (foi director dos Serviços de Urbanização e Arquitectura na Câmara Municipal do Lobito) e mais tarde trabalhando para a República de Angola já depois da independência. Desenhou a Catedral do Sumbe (1966), a Aerogare do Lobito (1964) ou o bairro do Alto do Liro (1970-1973) de 7500 habitações. No Lobito deixou equipamentos de destaque como o Cine-Flamingo (1963), famoso pela sua cobertura de betão suspensa, o Liceu do Lobito (1966) ou o bloco de habitação da Universal (1961). Em Moderno tropical: Arquitectura em Angola e Moçambique, 1948-1975, de Ana Magalhães e Inês Gonçalves (ed. Tinta da China, 2009), a capa pertence precisamente a Castro Rodrigues e ao que resta do Cine-Esplanada Flamingo.
Como contextualiza o arquitecto José Manuel Fernandes emArquitectura e Urbanismo na África Portuguesa (ed. Caleidoscópio, 2005), “por um lado, o seu trabalho longo e contínuo no Lobito (depois de 75 parcialmente em Luanda) entre 1953 e 1987; por outro, a sua participação, decisiva e simultânea, nos planos municipal, urbanístico, infraestrutural e arquitectónico tornaram Castro Rodrigues num verdadeiro ‘fazedor da cidade moderna’ em relação ao Lobito”.
Ou seja, depois da independência, o militante antifascista - integrou o Movimento de Unidade Democrática, foi membro do Partido Comunista Português (desvincula-se em 1949), esteve preso no Aljube em 1947 e já em Angola é delegado de Humberto Delgado às presidenciais de 1958 - colaborou na reconstrução do país e também na instituição do curso de Arquitectura em Angola. “Uma missão de vida”, diz Ana Vaz Milheiro a partir das conversas que teve com o arquitecto lisboeta, para quem a profissão era um meio para “resolver os problemas reais das populações”.
“Lá em Angola é que nunca [pus o chapéu colonial]”, escreveu Castro Rodrigues em Um Cesto de Cerejas - conversas, memórias, uma vida (ed. Casa da Achada, 2009). “As donas de casa, para se ‘distraírem’, mandavam à esquadra o ‘criado’ com um recado para lhe darem palmatoadas... Logo ali virei ‘angolano’.”
Autor de uma “obra vasta e notável”, como categorizou a arquitecta Cristina Salvador na sua proposta de Castro Rodrigues como membro honorário da Ordem dos Arquitectos (2005), este foi premiado em 2011 pela secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte. Para o júri – do qual fazia parte Ana Vaz Milheiro - a sua obra é "de grande relevância cultural na cena portuguesa, ainda que pouco conhecido das gerações recentes, já que a maior parte da sua obra construída se localiza em Angola, no Lobito, cidade à qual imprimiu um forte carácter urbano a partir dos anos de 1950".

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

In feliz memória : Ana Hatherly...

'História da Menina Louca', de Ana Hatherly, escritora e artista plástica portuguesa que morreu hoje aos 86 anos de idade.
Procuraram toda a casa, toda a terra,
Ninguém a achava.
Ela estava no telhado atrás da chaminé.
Olhava as estrelas e cantava.
Estava tão feliz e sossegada!
Olhava as estrelas e cantava.
Meu Deus, está louca!
Vamos levá-la.
Estava tão feliz!
Olhava as estrelas e cantava...
Falas-me em asas,
Em voar...
Não vês que eu não sou nada,
Nem anjo nem pessoa,
Nem ave nem engenho,
Que é totalmente outra a minha definição?
Eu não sou mais do que o próprio chão...
A minha vida é poética:
Paira entre a vaga mentira e a realidade.
O amor me acontece
Como as folhas às árvores,
E tão singularmente,
Que já nem sei se é natural à árvore ter folhas
Ou estar nua...
Ana Hatherly, "História da menina louca", in Poesia 1958-1978

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Benguela: Empreendedores exortados a mais criatividade para diversificação da economia

Lobito - Os empreendedores do município do Lobito, província de Benguela, foram exortados hoje, sexta-feira, a contribuir com criatividade e capacidade no processo de diversificação da economia, em curso no país.

Ao falar na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE), o administrador adjunto do Lobito, Jone de Carvalho, disse que o êxito do processo de diversificação depende, em grande medida, da inteligência e responsabilidade de cada um nas suas tarefas.
Por sua vez, o coordenador provincial do FAJE em Benguela, Anselmo Mateus, considerou os empreendedores jovens como a força motriz de Angola, tendo em conta a sua capacidade e sabedoria na solução dos problemas socioeconómicos.
“Vamos fazer com que aqueles que possuem cantinas se dediquem cada vez mais, porque são eles que sustentam o rendimento da economia”, sublinhou o coordenador.
Na cerimónia, tomaram posse Teófilo Passos, como coordenador da direcção municipal, Valdimiro Fernando Pinze, para área de mobilização e eventos, Yuri dos Santos, para área de informação e marketing, Óscar da Costa Faria, para formação e capacitação empresarial.
Foram ainda empossados os coordenadores de grupo de acompanhamento da comuna sede, Marcos dos Santos, de Canjala, Isaac Malungo, do Culango, Fernando Graça, da Hanha, Efraim Chinguto, e do Egipto Praia, Diogo Pedro.

O Feito,

Palestra sobre Caracterizar Neto na Literatura Contemporânea

A convite do Movimento Lev'Arte Benguela, fui o orador da palestra que marcou o fecho das festividades do mês dedicado a Agostinho Neto, evento que teve lugar na Sala de conferências da Mediateca de Benguela, pela manhã deste sábado, 28 de Setembro. Com uma plateia composta maioritariamente por jovens potenciais escritores e alguns professores, historiadores, foi para mim um exercício interessante e desafiador, tendo em conta a ténue linha que existe entre o narrador (literatura) e o perfil do autor António Agostinho Neto (carga política-ideológica), em alguns casos até beirando o tabu. Falamos sobre a génese da literatura angolana, os períodos (colonial/africano) o papel das gerações literárias, a relação entre o jornalismo e a literatura, sobre a influência dos ditames do mercado (interno e principalmente em Portugal e Brasil), sobre o posicionamento da literatura em relação ao poder, sobre a necessidade de mais formação de estudiosos e produção de crítica literária em Angola, uma vez que dependemos muito ainda de "observadores externos", bem como foi discutida a razoabilidade metodológica (em muitos casos ausência dela) de algumas vozes discordantes quanto ao valor literário de Neto e seus contemporâneos.
 Cartaz produzido pelos organizadores
Efraim Chinguto (anfitrião), Lucas Katimba Katimba(moderador) e Gociante Patissa (palestrante) — comEfraim Chinguto e Lucas Katimba Katimba
 Lucas Katimba Katimba, o moderador (esq.) e Gociante Patissa, o palestrante

O Feito

25 Dezembro de 2013 | 03h18 - Actualizado em 25 Dezembro de 2013 | 03h17

Lobito: Membros do movimento Lev'Arte convivem com idosos do lar São Vicente de Paulo

Lobito - Membros do denominado movimento artístico e intelectual “Lev'Arte” conviveram, nesta terça-feira, com idosos acolhidos no lar São Vicente de Paulo, situado no bairro Cassai, nesta cidade, aos quais ofereceram bens diversos.

Segundo o seu coordenador provincial, Efrain Chinguto, entre os bens oferecidos destaque para o leite, água mineral, roupa usada, brinquedos e omo, uma contribuição dos munícipes locais, em resposta à campanha da Rádio Lobito, em colaboração com a Rádio Mais denominada “Natal Literário”.
Efrain Chinguto agradeceu a resposta dos munícipes, apontando a solidariedade como algo supremo para os seres humanos. “Com este gesto nos tornamos mais fortes e unidos, tendo sempre em atenção o princípio segundo o qual é preciso dar o pouco que temos aos que nada têm”, defendeu.
Disse que uma campanha semelhante que visa ajudar o centro SOS de criança, do Vale do Cavaco, em Benguela, foi realizada com êxito, pelo que outra equipa desdobrou-se para a localidade com a finalidade de oferecer os bens recolhidos na campanha “Natal Literário”.