Mudanças no sistema americano forçam bancos a sair de Angola

Esta retirada tem resultado no encerramento progressivo das contas que os bancos comerciais angolanos têm nesses bancos
Mudanças no sistema bancário norte-americano traduzidas num maior rigor à volta do compliance, isto é, respeito rigoroso das leis americanos está a levar bancos internacionais a congelarem a sua condição de correspondentes de bancos de Angola, apurou o Semanário Económico junto de fonte oficial. Esta retirada tem resultado no encerramento progressivo das contas que os bancos comerciais angolanos têm nesses bancos. Depois do City Bank e do HSBC terem-no feito, o Standard Chartered Bank prepara-se para fazer o mesmo a partir do final do ano. Instituíções ligadas a esta questão disseram ao Semanário Económico que a “saída” do City Bank e do HSBC, consumada há alguns anos teve origem num levantamento feito por uma equipa do Congresso dos EUA, que detectou muitas zonas cinzentas nas operações destes bancos em Angola. “ O HSBC pagou uma avultada multa. Depois disso decidiu sair”, rematou a nossa fonte.
O Standard Chartered Bank, cuja decisão não faz muito tempo, teria decidido seguir o mesmo caminho pelo facto de os Estados Unidos da América terem elevado sobremaneira os níveis de compliance com que deverão operar tanto em Angola, como noutros mercados. “ Estes bancos têm que suportar custos mais elevados para responderem às exigências impostas pelos EUA”.
As exigências incluem, entre outros, questões à volta da capacidade dos bancos locais serem capazes de aferir sobre a titularidade de algumas contas, origem de determinados fundos e determinadas transacções. De acordo com a fonte, trata-se também de uma questão económica, isto é, relação custo/benefício. “
O que vão buscar a Angola e a outros mercados, cobre os riscos inerentes a despesas decorrentes de eventuais sanções da Reserva Federal dos EUA, Fed?”
A questão do compliance e das preocupações levantadas por bancos estrangeiros e também por instituíções norte-americanas fizeram parte das consultas que o ministro das Finanças e o governador do Banco Nacional de Angola mantiveram recentemente em Nova Iorque e em Washington com a Fed e com representantes de bancos norte-americanos. “ O eventual uso de contas domiciliadas em Angola, e benefíciarias da acção de bancos americanos, para fins ínvios, representa uma questão de segurança para os EUA”, notou um analista.
Pelas mesmas razões estes e outros bancos tomaram posição idêntica noutros mercados de tal forma que alguns países poderão ficar fora do sistema financeiro internacional, enquanto alguns bancos, entre os quais angolanos poderão ficar com movimentos limitados o que afectará também os seus clientes.
Atenta a este problema o Banco Mundial promoverá no próximo dia 3 de Dezembro uma reunião na Cidade do Cabo destinada a harmonizar os interesses de todas as partes. Por outro lado, Angola deverá receber em Janeiro uma visita de peritos do Grupo de Acção Financeira Internacional, que vêm aferir da evolução registada em Angola em questões como combate à lavagem de dinheiro. “ Estamos a 1 passo de subirmos no ranking de compliance. Se isto acontecer, deixaremos de ser vistos como um país com determinados riscos”, acrescentou a fonte ao Semanário Económico